segunda-feira, 24 de julho de 2017

2º DIA DA SEMANA DE ORAÇAO JOVEM: Somente pela Graça (sola gratia)

No segundo dia da Semana de Oração Jovem, a mensagem biblica foi trasmitida pela Irmã Daiane Torres, que trouxe  o tema :

Somente pela Graça (sola gratia)

UM PRESENTE TOTALMENTE GRATUITO!
 Como você imagina Deus? Embora ninguém nunca O tenha visto, em nossa mente, temos uma ideia de como Ele é. Formamos essa visão pelos retratos com os quais estamos familiarizados; retratos extraídos de nossa primeira infância e durante nossa vida até o presente. Para alguns de nós, Deus Se assemelha a um Pai maravilhoso que olha para nós com bondade e que sempre tem uma resposta para nossas questões e problemas. Ele não trabalha em horário comercial e não precisa ser subornado para escolher nos ajudar. Outros, talvez O vejam como um vovô de cabelos brancos, com barba longa e olhar bondoso; alguém que está disposto a fechar os olhos para nossas faltas, e que também pode ser facilmente enganado.

Ainda outros podem ver Deus como um inspetor e juiz implacável, que sempre ameaça com consequências e punição assim que fazem algo errado; alguém que é impiedoso e imprevisível; alguém que nunca está satisfeito, não importa o quanto tentemos. Esse era exatamente o tipo de conceito que a maioria das pessoas tinha de Deus durante a Idade Média. Viam a Deus como um juiz insensível que exigia de nós, seres humanos, muito mais do que conseguiríamos fazer ou cumprir. Esse era também o conceito que Martinho Lutero tinha de Deus enquanto crescia.

CONTEXTO HISTÓRICO E INTERPRETAÇÃO DA PINTURA 
Lutero acreditava que depois da morte teria que sofrer a punição por cada pecado que cometera no purgatório. De acordo com a Wikipedia, a enciclopédia livre, na teologia cristã e, especialmente, na teologia católica, o “purgatório é a condição e processo de purificação ou castigo temporário em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o Reino dos céus”. Somente os que morrem em estado de graça, mas que ainda não cumpriram a punição temporal devido a seu pecado, podem estar no purgatório e, assim sendo, ninguém que se encontra no purgatório permanecerá eternamente nesse estado ou irá para o inferno

Em 1505, quanto Lutero passou a viver como monge, no monastério dos eremitas agostinianos, em Erfurt, a sensibilidade de sua consciência culpada se aguçou ainda mais. Agora que ele tinha muito tempo para as devoções e a oração, constantemente estava pensando em seus pecados, que pesavam muito sobre ele. Não eram grandes pecados, como assassinato ou homicídio que o preocupavam; ele não tinha esse tipo de problema. Eram, em especial, os pensamentos que ele não conseguia controlar. Por exemplo, ele era perseguido pela ansiedade de que poderia ter pecado em sonhos. Porém, nada havia que ele pudesse fazer para impedi-los. Quanto mais tempo passava com Deus, mais lhe parecia que Deus era um juiz implacável; alguém a quem ele queria evitar. Cada vez mais ele era atormentado por perguntas como: “Como posso ser aceito aos olhos de Deus? Como a Bíblia O chama de Deus misericordioso se Ele exige algo de nós que nunca poderemos cumprir? Tenho feito o meu melhor, mas não consigo guardar os mandamentos. Assim sendo, a lei de Deus segue me condenando repetidas vezes. Não, esse Deus não ama os seres humanos; antes, ele está jogando um jogo cruel conosco. Esse não é um Deus de amor”

Lutero foi ainda mais longe. Ele jejuava mais, comia menos e passava quase que noites inteiras em oração. Mas isso não o ajudava; não conseguia viver sem pecar. Sentia-se mais e mais culpado e incapaz de cumprir a lei de Deus. Por fim, come- çou a odiar a Deus. Johannes von Staupitz, seu superior no monastério, via como Lutero era atormentado por esses pensamentos. Mas como poderia ajudá-lo? Primeiro, ele deixou claro para Lutero que parte do que ele chamava de ‘pecado’ era, na verdade, apenas ‘Mumpitz’ – o tipo de absurdo com o qual ele não deveria perder tempo se preocupando. Porém, o mais importante, ele lhe disse: “Irmão Martinho, olhe para Jesus e não tanto para o que você acha serem pecados!”.

Lutero seguiu o conselho de seu superior. Certo dia, em seu estudo, Deus o levou a compreender a verdade que, por fim, mudou o mundo. Não sabemos o dia ou o ano exato desse encontro divino, mas, um ano antes de sua morte, Lutero escreveu sobre o momento que estabeleceu o curso para a Reforma Protestante. Ele descreveu como ele tinha quase perdido completamente a fé em Deus até que ...

Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando de dia e de noite, consenti ao contexto das palavras, a saber: “Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé”. Então comecei a entender [que] a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, em outras palavras, pela fé. E este é o significado: no Evangelho, é revelada a justiça de Deus, isto é, a justiça passiva com a qual [o] Deus misericordioso justifica-nos pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. Foi quando senti como se tivesse nascido de novo e entrado no paraíso por portões abertos. Aqui, me foi mostrada uma face completamente diferente da Escritura. Com base nisso, percorri outra vez, de memória, os textos das Escrituras. Também encontrei uma analogia em outros termos, tais como: a obra de Deus, ou seja, o que Deus faz em nós; o poder de Deus, com o qual ele nos fortalece; a sabedoria de Deus, com a qual Ele nos torna sábios; a força de Deus, a salvação de Deus, a glória de Deus (Luther’s Works, v. 34, p. 337).1

Lutero reconheceu que Deus nos dá Sua justiça como um dom gratuito. Portanto, é Ele quem nos salva. Na mesma proporção que Deus condena o pecado, Ele também nos ama e nos deu Seu Filho Jesus Cristo para morrer por nós na cruz. Aqueles que olham para Jesus não precisam mais temer a Deus; mas, como disse Lutero, eles já têm as chaves dos portões do paraíso em seus bolsos hoje.

Na plataforma do Altar da Reforma de Wittenberg, vemos Martinho Lutero pregando à congregação de sua igreja. Sua mão esquerda aponta para a Bíblia. Esse foi o fundamento e o ponto de partida para cada um dos muitos sermões feitos entre 1514 e sua morte em 1546. Com o braço direito, ele aponta a Jesus, pendurado na cruz por nossos pecados. Lutero não podia e não queria esquecer quem deveria ser o ponto focal em cada sermão. Não se trata de nossos pensamentos ou de ilustrações e metáforas, mas do próprio Jesus Cristo. Este é o fundamento de nossa fé. Este é o fundamento de nossa pregação do Evangelho. E se formos habilidosos na pregação e, algumas vezes, temos a tendência de ocupar o centro do palco, necessitamos, então, ser lembrados repetidas vezes que tudo o que temos e somos é um dom de Deus. Somente seremos capazes de verdadeiramente compreender a Palavra de Deus se verdadeiramente compreendermos o que Jesus nos ensinou: que todas as Escrituras testificam dEle ( João 5:39).

A GRANDE IMPORTÂNCIA DA JUSTIFICAÇÃO SOMENTE PELA FÉ PARA MARTINHO LUTERO

Na igreja, durante a Idade Média, tudo girava em torno do que nós poderíamos fazer para obter favor aos olhos de Deus; a respeito das boas obras para agradar a Deus e abreviar o tempo gasto no purgatório. Nosso relacionamento com Deus era considerado quase como uma conta bancária: O pecado o afundava mais e mais em dívida, na condenação, o que significava mais tempo passado no purgatório para purgá-lo de seus pecados depois da morte. Mas suas boas obras podem ajudar a melhorar o saldo de sua conta. Porém, nenhum de nós nunca teria certeza absoluta de que nossas boas obras foram suficientes para nos tornar aceitáveis aos olhos de Deus no juízo final. É por isso que as boas obras eram tão importantes. O fato crucial era provar a Deus o quanto poderíamos realizar. Lutero, posteriormente, chamou essa forma de pensamento de “teologia da glória humana” (theologia gloriae), e devido à sua própria experiência, ele sabia que esse era um empreendimento inútil, uma rua sem saída. A despeito de todas as nossas boas obras, ainda vivemos com uma natureza pecaminosa. Sem a graça de Deus, não podemos cumprir a Sua vontade. Mas, visto que o próprio Lutero havia experimentado como a cruz havia ganhado todo um novo significado para ele, porque Jesus já tinha pagado o nosso perdão por Sua morte, Lutero agora chamava a nova forma de pensamento, que era o fundamento da Reforma Protestante, de “teologia da cruz” (theologia crucis). Inicialmente, ele ficou impressionado de quão fácil a vida de fé subitamente tinha se tornado. Não mais a luta constante com a consciência; não mais o medo de um Deus impiedoso. Antes, ele olhava para Cristo na cruz com total gratidão porque havia compreendido que somente a graça de Deus (sola gratia) o podia salvar. Nunca antes ele recebera tal dom.
Agora via o quão insensato fora ao focar em suas obras humanas em vez de se regozijar na graça, o dom gratuito de Deus. É como alguém que deseja dirigir um carro, mas depois de dar a partida e engatar a marcha, segue pisando no freio; nada acontece. Você simplesmente fica onde está e não avança nem um centímetro. Não obstante, seria tão fácil simplesmente pisar no acelerador! Naturalmente, não havia carros nos dias de Lutero, mas ele estava muito familiarizado com o medo e a ansiedade que surgem quando você não consegue ver qualquer avanço em seu relacionamento com Deus – até que, finalmente, através do Espírito Santo, você descobre que não precisa alcançar nada, porque lhe foi dado tudo como um dom gratuito. Isso significa que se eu confio em Jesus, não ficarei desapontado na minha fé.

 O QUE JESUS SIGNIFICA PARA MIM?
Posso ainda lembrar exatamente de como me senti quando me apaixonei pela primeira vez. Subitamente, tudo no mundo parecia lindo. E aquela menina especial era a pessoa mais maravilhosa do mundo. Especialmente seus olhos! Quando ela me olhava, parecia que eu estava no paraíso. Infelizmente, o acampamento de verão durou apenas uma semana e então todos voltaram para casa. Mas ela me mandou uma foto pequena. Sempre a carregava comigo na carteira. Aquele foi época maravilhosa, cheia de expectativas de um futuro feliz.

Muitas metáforas são usadas para descrever o relacionamento entre Jesus e a Igreja. Uma delas é a da Igreja como Sua noiva. Isso demonstra o quanto Ele nos ama. E é por isso que fez tudo para nos salvar, como a demonstração máxima do Seu amor. Na verdade, não podemos de fato compreender o que significa que o Criador do mundo, o governante do universo nos conheça, individualmente, como realmente somos, e que exatamente esse Seu conhecimento da verdade a nosso respeito é o que O leva a nos amar ainda mais. Fico simplesmente impressionado de quão valioso sou aos olhos de Deus. E nem mesmo precisamos competir, sermos o melhor em todos os desafios e chegarmos em primeiro lugar antes de sermos contados entre os vencedores; não é como uma competição na maioria das esferas da vida onde somente as superestrelas vencem. Nosso valor para Deus não depende do que nos tornamos ou do que realizamos. Temos valor para ele simplesmente porque Ele é o nosso criador. Nosso valor decorre, simplesmente, do fato de que Ele nos ama. Que tipo de Deus é esse? E quando eu o contemplo na cruz, começo a apreciar esse amor infinito do qual nunca poderíamos ser merecedores.

NOSSO LEGADO
Jesus viveu entre os homens e exemplificou a justiça e o amor de Deus. Deus sabia que a única língua que os seres humanos compreenderiam seria a do AMOR. “Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos” ( João 15:13). Jesus morreu e ressuscitou e, atualmente, está ministrando no santuário celestial em nosso favor. Não precisamos pagar pelo perdão de nossos pecados; simplesmente pedimos perdão. “[…] Ele é fiel e justo para nos perdoar todos os pecados e nos purificar de qualquer injustiça” (1 João 1:9). Desmerecedores como somos, a graça de Deus nos cobre, mas nunca podemos subestimar a graça de Deus, pois um dia todos teremos que prestar contas. Nossa gratidão para com a graça deve ditar nosso comportamento e conduta.

Nosso legado: “Em infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo, que não conheceu pecado, se tornasse pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. Guiados pelo Espírito Santo, sentimos nossa necessidade, reconhecemos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de nossas transgressões e temos fé em Jesus como Salvador e Senhor, Substituto e Exemplo. Essa fé salvadora advém do divino poder da Palavra e é o dom da graça de Deus. Por meio de Cristo, somos justificados, adotados como filhos e filhas de Deus, e libertados do domínio do pecado. Por meio do Espírito, nascemos de novo e somos santificados; o Espírito renova nossa mente, escreve a lei de Deus, a lei de amor, em nosso coração, e recebemos o poder para levar uma vida santa. Permanecendo nele, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza da salvação agora e no juízo (Gn 3:15; Is 45:22; 53; Jr 31:31-34; Ez 33:11; 36:25-27; Hc 2:4; Mc 9:23, 24; Jo 3:3-8, 16; 16:8; Rm 3:21-26; 8:1-4, 14-17; 5:6-10; 10:17; 12:2; 2Co 5:17-21; Gl 1:4; 3:13, 14, 26; 4:4-7; Ef 2:4-10; Cl 1:13, 14; Tt 3:3-7; Hb 8:7-12; 1Pe 1:23; 2:21, 22; 2Pe 1:3, 4; Ap 13:8).”2

A PROMESSA DE DEUS PARA VOCÊ:
“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jeremias 1:5, RA) 
“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tito 4:7, RA)

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