Introdução ao Estudo das Escrituras Sagradas.
Sua Origem, História e Lugar no Mundo
As Escrituras Sagradas contêm em si mesmas, a prova de sua origem divina.
Nenhum outro livro pode responder às perguntas do espírito ou satisfazer os anseios do coração como, o fazem elas.
Adaptam-se a toda condição da vida, e estão cheias daquele conhecimento que ilumina o espírito e santifica a alma.
Encontramos nelas a revelação de um Deus vivo.
Recebidas pela fé, têm poder para transformar a vida.
Através de toda a sua história o cuidado divino se tem demonstrado sobre elas, preservando-as.
Como, Quando e Porque Foram Escritas
Depois do dilúvio, à medida que a espécie humana se ia multiplicando e as trevas novamente se adensavam no mundo, homens santos escreveram inspirados pelo Espírito de Deus.
Assim falou Deus ao Seu povo, e por este ao mundo, para que o conhecimento de Deus e de Sua vontade não perecesse na Terra.
Continuou por séculos essa obra, até Cristo, a Semente pro-metida.
Com Ele, e com a bendita mensagem de luz e salvação por ele e pelos apóstolos proclamada, encerra-se o relato sagra-lo, completando se a Palavra de Deus.
Manuscritos Originais e Traduções
As Escrituras do Velho Testamento foram primeiro escritas em hebraico, sobre rolos de pergaminho, linho ou papiro.
Mais tarde foram traduzidas para o grego, sendo a versão mais antiga conhecida pelo nome de Septuaginta, ou "Versão dos Setenta," feita em Alexandria, para a biblioteca de Alexandria, por um grupo de setenta judeus eruditos, sob a supervisão de Ptolomeu Filadelfo, pelo ano 285 A. C.
(Antes de Cristo).
A ordem original para esta versão diz-se haver sido dada por Alexandre o Grande, que antes de visitar Jerusalém em 332 A.C.,
Soubera, pela profecia de Daniel, que a Grécia deveria conquistar o reino da Pérsia.
(Ver o livro de Josefo, Antiguidades judaicas.) Esta era a versão comumente usada no tempo de Cristo.
O Novo Testamento foi originariamente escrito em grego, exceptuando-se S.Mateus, que foi escrito em hebraico, e depois traduzido para o grego.
Em tempos posteriores, foram feitas traduções latinas, por diferentes pessoas, tanto da Septuaginta como do Novo Testamento grego, e a mais cuidadosamente preparada Vulgata Latina de Jerónimo — as Escrituras completas — foi feita nos anos 383-405 de nossa era.
A Impressão das Escrituras Sagradas
Antes do advento da imprensa, sendo ainda desconhecidas, as cópias das Escrituras só poderiam ser produzidas pelo moroso, árduo e dispendioso processo de escrita a mão.
Isto, naturalmente, limitava muito sua circulação.
E pior ainda, suas verdades iluminadoras e salvadoras haviam sido bem escondidas nos séculos da Idade Escura.
Durante esse tempo, o povo pouco sabia do seu conteúdo.
Mas com a invenção da arte de imprimir nos meados do décimo quinto século, e com o advento da grande Reforma no século seguinte, as Escrituras Sagradas entraram numa nova era preparatória para a proclamação final do evangelho a todo o mundo.
Não menos significativo é o fato de que o primeiro livro importante, impresso em tipos móveis foi a Bíblia Sagrada em latim, feita no prelo de João Gutenberg, em Mogúncia, Alemanha, em 1456, da qual um exemplar foi vendido em Nova Iorque, em 1911, por cinquenta mil dólares, a maior importância já paga por um único livro.
As Escrituras Sagradas nas Línguas Nativas
Mesmo assim, contudo, sendo as Escrituras publicadas somente nas línguas antigas, pouco eram compreendidas pelo povo co¬mum.
Sem a Palavra de Deus em suas mãos, a boa semente espalhada era facilmente destruída.
Diziam os defensores dos seus ensinos puros: "Oh, se o povo pudesse tão-somente ter a Palavra de Deus no seu próprio idioma, isso não aconteceria! Sem isso será impossível estabelecer os leigos na verdade."
E por que não a teriam em sua própria língua? Arrazoavam.
Moisés escreveu no idioma do povo de seu tempo; os profetas falaram em linguagem familiar aos homens a que se dirigiam; e o Novo Testamento foi escrito no idioma corrente em todo o mundo romano.
A tradução da Bíblia Sagrada para o inglês por João Wiclef, em 1380, foi o principal acontecimento no início da Reforma.
Preparou também caminho para o reavivamento do cristianismo na Inglaterra, e para a disseminação da Palavra de Deus aos milhões de lá, e de todo o mundo, que então se seguiu.
Fazer tal trabalho naquele tempo, diz Neander, "requeria espírito arrojado que perigo algum pudesse intimidar."
Ao fazê-lo, Wiclef foi atacado por todos os lados, porque, diziam, "estava introduzindo entre a multidão um livro destinado exclusivamente ao uso dos clérigos."
Na denúncia geral foi declarado que "assim o evangelho era por éle franqueado aos leigos, e as mulheres poderiam lê-lo, quando anteriormente apenas poderia selo pelos mais eruditos do clero; sendo desta maneira lançada fora e pisada pelos porcos a pérola do evangelho."
No prefácio de sua tradução, Wiclef exortou todo o povo a ler as Escrituras Sangradas.
Um sentimento de temor e um estremecimento de júbilo perpassou o coração do grande reformador alemão, quando, na idade de vinte anos, enquanto examinava os volumes da biblioteca da universidade de Erfurt, tomou em suas mãos, pela primeira vez na vida, um exemplar completo da Bíblia Sagrada. "Ó Deus," murmurou ele, "se eu pudesse ter um destes livros, não pediria outro tesouro." Pouco mais tarde achava num convento, presa por uma corrente, uma Bíblia Sagrada a que ele tinha acesso constante.
Mas todas essas Bíblias que lá havia, e em toda parte, excepto a Inglaterra, estavam na língua original, e podiam ser lidas apenas pelos instruídos.
Por que, pensava Lutero, deverá a Palavra viva ser conservada nas línguas mortas? A exemplo de Wiclef resolveu dar a Bíblia aos seus patrícios no seu próprio idioma. Isso fez, o Novo Testamento em 1522, e a Bíblia completa, a maior obra de sua vida, em 1534.
Impressionado com a ideia de que o povo devia ler as Escrituras no idioma materno, William Tyndale, de igual modo, em 1525, legou ao ingleses sua tradução do Novo Testamento, e mais tarde, de porções do Velho Testamento.
Seu desejo ardente de que todos conhecessem a Bíblia foi bem expresso ao declarar que se Deus lhe poupasse a vida, faria com que o trabalhador que empunhava o arado soubesse mais das Escrituras do que comummente sabiam os teólogos de seu tempo.
A primeira Bíblia inglesa completa impressa foi a de Miles Coverdale, editada em Zurique, Suíça, em 1535.
Queima de Escrituras Sagradas
Como Jeoaquim, rei de Judá, e os príncipes do rei Zedequias mostraram sua desobediência a Deus queimando os escritos de Jeremias, e lançando o profeta num calabouço (Jer. 36:20-23; 38:1-6), também agora, queimando a Bíblia e seus tradutores, procuram os homens suster a maré da reforma que surge.
A queima das Escrituras foi inaugurada na Inglaterra, na cidade de Londres, em 1527.
Quarenta e três anos depois da morte de Wiclef, ou em 1428 da era cristã, por ordem do Concílio de Constança seus ossos foram exumados e queimados.
Em 6 de Outubro de 1536, por ordem de Carlos V da Alemanha, Tyndale foi estrangulado e queimado num poste em Vilvorde, perto de Bruxelas.
"Se Lutero não se retratar," escrevia Henrique VIII da Inglaterra, "sejam ele e seus escritos entregues às chamas."
Sob a tirania espiritual imperante naqueles dias, esta foi a sorte de muitos que se puseram ao lado de Deus e de Sua Palavra.
Mas a Palavra de Deus não poderia ser para sempre impedida.
Ao tentarem evitar sua circulação logo descobriram os homens que encetavam empresa superior às suas forças.
A Bíblia se arraigava profundamente no coração do povo.
O que reis e prelados naquele tempo fizeram para suprimi-la e destruí-la, reis e prelados hoje fazem para protegê-la e auxiliá-la.
A Escritura» Sagradas em Todo o Mundo
Finalmente grandes sociedades bíblicas foram organizadas na Inglaterra, na América e em muitos países da Europa, com o propósito de dar a Bíblia ao mundo a toda nação, tribo, língua e povo no seu próprio idioma.
Da publicação A Bíblia no Brasil, resumimos os seguintes dados:
A Sociedade Bíblica do Brasil desde a sua fundação (Junho de 1948 até Outubro de 1971) distribuiu:
4.646.106 Bíblias 1.968.168 Novos Testamentos 74.852.498 Porções
81.466.772 Total
Publicou no Brasil:
3.213.788 Bíblias 1.116.646 Novos Testamentos 64.014.178 Porções
68.344.612 Total
"Até Dezembro de 1961, era o seguinte o número de línguas em que a Bíblia, no todo ou em parte, já foi publicada, segundo informação da Sociedade Bíblica Americana: línguas em que a Bíblia completa foi publicada, 226; línguas em que o Novo Testamento completo já foi publicado, 281; línguas em que pelo menos um Evangelho ou outro livro já foi publicado, 674; total de línguas em que alguma parte da Bíblia já foi publicada, 1.181."
Assim o mundo está sendo provido da Palavra de Deus, abrindo-se o caminho para a proclamação final da mensagem evangélica a toda humanidade, ao fim do reino do pecado, e o advento do Senhor, em glória.
" Mateus 24: 14. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim".
O Valor do Estudo das Escrituras Sagradas
Escrituras Sagradas são o grande compêndio de Deus para o homem.
São a divina lâmpada para nossos pés e luz para nosso caminho neste mundo de pecado.
O valor do estudo das Escrituras não pode ser salientado demais.
Considerada apenas sob o prisma literário, Bíblia Sagrada muito se distingue.
Seu estilo é elegante e polido; suas imagens, belas e impressivas; suas histórias, interessante», e suas narrativas, bem escritas; sua sabedoria profunda e sua lógica, perfeita; sua linguagem, dignificante e seus temas, elevados — tudo a faz digna de ser universalmente lida e cuidadosamente estudada.
Como agente educador, a Bíblia não tem igual.
Nada há que amplie tanto a visão, fortaleça a mente, eleve os pensamentos e enobreça as afeições como o estudo das sublimes e estupendas verdades da revelação.
O conhecimento de seus princípios é preparação essencial para toda vocação.
À medida que é estudada e seus ensinos recebidos, fortalecem-se o carácter, as ambições nobres, a acuidade de percepção e o são juízo.
De todos os livros, nenhum contém, como a Bíblia, lições tão instrutivas, preceitos tão puros, nem tão grandiosas promessas.
Nada há que tão bem convença o espírito da divina inspiração da Bíblia como a sua própria leitura e especialmente das porções conhecidas como profecias.
Depois da ressurreição de Cristo, quando tudo o mais parecia ser falho para convencer os discípulos de que Ele ressuscitara dos mortos, apelou para o Livro inspirado, e "explicava-lhes o que dEle se achava em todas as Escrituras" (Lucas. 24:25-27), e creram.
Noutra ocasião disse: "Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite." Lucas. 16:31.
Como guia, a Bíblia não tem rival.
Dá paz tranquiliza ao que crê, e firme esperança do futuro.
Resolve os grandes problemas da vida e do destino, e inspira um viver de pureza, paciência e piedade.
Enche o coração de amor a Deus e do desejo de fazer bem a outros, preparando-nos para utilidade aqui e para o lar celestial.
Ensina o valor da alma, ao revelar o preço pago para redimi-la.
Faz-nos saber o único antídoto para o pecado, e apresenta o único e perfeito código moral que já haja sido traçado.
Conta-nos do futuro e da preparação necessária para enfrentá-lo.
Torna-nos valorosos em defesa do direito e fortalece nos na adversidade e na aflição.
Ilumina o escuro vale da morte, apontando-nos a vida eterna.
Conduz a Deus, e a Cristo, cujo conhecimento significa vida sem fim.
Em suma, é o Livro pelo qual devemos viver e pelo qual devemos morrer.
Como o rei de Israel foi instruído a fazer para si uma cópia da lei, e a lê-la "todos os dias da sua vida," para que aprendesse "a temer ao Senhor seu Deus," guardasse a Sua Palavra, e prolongasse assim os seus dias e os de seus filhos.
(Deut. 17: 18-20), assim deve a humanidade hoje estudar a Bíblia, e dela aprender o temor que é o princípio da sabedoria, e o conhecimento que opera para salvação.
Como auxílio e incentivo para isso, preparou-se e publicou-se este livro, Estudos Bíblicos.
Os Estudos Bíblicos — Seu Valor e Uso
Resumidamente definido, um estudo bíblico consiste em perguntas formuladas sobre determinado assunto e respostas da Bíblia.
Noutras palavras, estudo bíblico quer dizer um estudo de tópicos da Bíblia por meio de perguntas e respostas.
Quer para transmitir quer para receber conhecimento, nada há como o método de perguntas.
Coisa alguma aviva tão rapidamente a ideia ou desperta o interesse, como a pergunta.
As crianças pouco aprenderão se não fizerem perguntas, e realmente será um professor medíocre o que não fizer perguntas e não responder às que lhe forem feitas.
Conhecendo o valor deste meio de despertar o pensamento, suscitar o interesse e transmitir instrução, Deus, em Sua sabedoria, inspirou os escritores das Escrituras Sagradas a fazerem muitas perguntas, para levar-nos a pensar e estudar os grandes temas de que trata.
Ver Jó 38:4 e 7; Sal. 8:4; Mal. 3:1, 2 e 8; Êxo. 32:26; I Crôn. 29:5.
Mas Deus não somente faz perguntas; a elas responde.
O seguinte pode ser citado como breve estudo bíblico, extraídas, tanto as perguntas como as respostas, diretamente da própria Bíblia:
"Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem?"
"Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem enganosamente.
Aparta-te do mal, e faze o bem: procura a paz, e segue-a." Sal. 34:12-14.
"Para quem são os ais? para quem os pesares? para quem as pelejas? para quem as queixas? para quem as feridas sem causa? e para quem os olhos vermelhos?"
"Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada."
Prov. 23:29 e 30.
"Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no Seu lugar santo?"
"Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente, este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação." Sal. 24:3-5.
Ver também Sal. 15 e Isa. 33:14-17.
A Bíblia mesma, portanto, nos fornece exemplo de instruir e transmitir os mais valiosos conhecimentos por meio de perguntas e respostas.
Nenhum comentário :
Postar um comentário